As histórias que merecerão ser lembradas em 2018
Em 2017, o cardápio deste blog incluiu temas inescapáveis, como os centenários da Revolução Russa (com destaque para o violentíssimo assassinato da família Romanov) e da entrada do Brasil na 1ª Guerra Mundial.
Mas também lembrou de episódios mais obscuros, como a vez em que o Brasil demorou seis meses para perceber que tinha sido invadido pela Inglaterra ou a perseguição de cristãos no Japão do século 17.
A história mundial foi foco dos posts sobre os fantasmas trazidos para ingleses e franceses com o filme “Dunkirk” e sobre os tempos mais moleques em que os líderes mundiais eram menos polêmicos e ranzinzas e mais festivos.
Já a história brasileira apareceu nos textos sobre os 53 anos do golpe militar de 1964, o histórico de antecipação de eleições presidenciais e a memória de nossos ex-presidentes que já tiveram problemas na Justiça.
PODCAST
Gostei de escrever todas essas histórias. Mas a maior razão de orgulho para o blog neste ano foi a estreia da “História Como Ela Foi” em podcast.
Gravei três episódios até aqui.
Teve aquele em que lembrei dos podres dos presidentes dos EUA.
Outro sobre os 80 anos do Estado Novo, a ditadura de Getúlio Vargas.
E mais um tentando responder uma questão: por que a miscigenação foi menor nos EUA que no Brasil?
Dá para ouvir (ou voltar a ouvir) os podcasts nos links acima.
Ou, se você preferir, direto em Apple Podcasts (iOS), SoundCloud (iOS e Android), TuneIn (iOS e Android) e Stitcher (iOS e Android).
E AGORA, 2018?
Como a especialidade do blog é o passado, e não o futuro, fica difícil prever quais serão os temas que aparecerão por aqui no ano que começa logo mais.
Mas o brainstorm pode começar pela lembrança dos principais aniversários de 2018.
O ano que vem terá alguns centenários.
1918 foi o ano em que enfim acabou a 1ª Guerra Mundial, que traumatizou toda uma geração e, com a humilhação imposta pelos aliados anglofranceses à Alemanha, lançou as sementes da 2ª Guerra, que começaria em 1939.
Também foi o ano em que eclodiu a epidemia de gripe espanhola, considerada a mais grave da história da humanidade.
No Brasil, a doença matou até o presidente eleito da época, Rodrigues Alves.
Ironicamente, o ano também marca os aniversários de cem anos de João Goulart, presidente civil deposto pelos militares em 1964, e João Baptista Figueiredo, o último general-presidente da ditadura.
Para os entusiastas de passados mais distantes, haverá o bicentenário de Karl Marx, que, se estivesse vivo (rs), faria aniversário em 5 de maio.
Os 200 anos do patriarca comunista promete movimentar redes sociais e grupos de WhatsApp.
Se estivessem vivos, Stanley Kubrick faria 90 anos em julho e Michael Jackson, 60 em agosto.
No mesmo mês de Michael, Madonna, que viva está, completa os mesmos 60 anos.
Imortal, Mickey Mouse fará 90 anos em 2018.
Outras datas cheias para se ter em mente: os 80 anos do início da ditadura de Francisco Franco na Espanha e os 70 anos da proclamação do Estado de Israel.
No Brasil, a atual Constituição completará 30 anos em 5 de outubro.
Em nosso instável país, já é a terceira Carta mais duradoura. Só perde para as de 1891 (43 anos) e a de 1824 (67 anos).
E fará 25 anos que os brasileiros rejeitaram o parlamentarismo e a monarquia em um plebiscito, optando por manter o país uma república presidencialista –a mudança para o parlamentarismo continua em conversas políticas até hoje.
Tucanos celebrarão.
O partido, hoje em crise, também fará 30 anos.
E se completarão 20 anos da reeleição de Fernando Henrique Cardoso, primeiro presidente reeleito e único membro da sigla a ocupar a Presidência até hoje.
O ANO QUE NÃO TERMINOU
Dá para dizer sem medo de errar que o grande aniversário mesmo em 2018 será um cinquentenário.
No caso, o do ano de 1968.
O ano teve convulsões e crises no Brasil e no mundo.
Para entendê-lo, vale ler o livro de Zuenir Ventura, “1968 – O ano que não terminou”.
No mundo, o ano começou com a Tchecoslováquia comunista achando que podia fazer reformas liberais, em janeiro.
Foi a Primavera de Praga.
Os soviéticos, que mandavam nos países comunistas, não gostaram e invadiram o país em agosto do mesmo ano.
Também no início daquele 1968, vietnamitas do norte lançam a ofensiva do Tet, que embora tenha sido barrada pelos EUA e seus aliados no sul, expõe ao mundo os horrores da guerra no sudeste asiático e contribui para virar a aumentar a oposição da opinião pública americana contra o conflito.
Em março daquele ano, tropas americanas mataram centenas de civis, incluindo mulheres e crianças, no massacre de My Lai.
Ainda nos EUA, dois assassinatos, em abril e junho, chocaram o país: Martin Luther King, líder da luta pelos direitos civis dos negros, e Robert Kennedy, então presidenciável e irmão do presidente também assassinado John Kennedy.
O grande símbolo daquele ano de crises foi o maio de 1968 francês, no qual estudantes se rebelaram contra o governo e paralisaram Paris e a França.
O Brasil não ficou alheio aos ventos de mudança.
Na Passeata dos Cem Mil, em junho, estudantes e políticos de oposição ousaram desafiar o governo militar e foram às ruas no Rio para pedir mais liberdades.
Para fazer frente às contestações, a ditadura dobra a aposta e enterra o Estado de direito com o Ato Institucional nº 5, de dezembro, em que suprime liberdades individuais, fecha o Congresso e cassa mandatos parlamentares.
A norma, que representou o endurecimento do regime, existiria por dez anos.
Naquele mesmo mês, estrearia nos cinemas o filme “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla, ícone do cinema nacional.
Entre tantos memoráveis, vale lembrar de um diálogo do filme:
“– Senhor, o que você acha da miséria?
– Que miséria, meu filho? Um país sem miséria é um país sem folclore! E um país sem folclore… O que é que nós podemos mostrar pro turista?”