A História Como Ela Foi https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br passagens marcantes e curiosidades do Brasil e do mundo Sat, 14 Jul 2018 05:00:55 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Único critério possível para escolher entre França e Croácia é, claro, histórico em relação aos interesses brasileiros https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/2018/07/14/unico-criterio-possivel-para-escolher-entre-franca-e-croacia-e-claro-historico-em-relacao-aos-interesses-brasileiros/ https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/2018/07/14/unico-criterio-possivel-para-escolher-entre-franca-e-croacia-e-claro-historico-em-relacao-aos-interesses-brasileiros/#respond Sat, 14 Jul 2018 05:00:55 +0000 https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/5c33d4de659b0c81fd3576b3a57b9b5b7fc4053a3ece8810efd5a78439cfb220_5b486838a706f-320x213.jpg http://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/?p=896 Como se comportar neste domingo? Torcer para a zebra croata e ver o circo das Copas pegar fogo? Ou para a França, respeitando tradições e evitando que arrivistas banalizem a taça?

Apressados defenderão que se torça para o melhor futebol.

Exagerados evocarão simpatias e antipatias pelas nações, percursos históricos, estilos de mandatários, virtudes gastronômicas, qualidade das praias e estética de hinos ou bandeiras nacionais. Mas o que isso tudo tem a ver com uma final de Copa do Mundo?

Só há um critério possível ao espectador brasileiro patriota: o histórico dos dois países finalistas em relação aos nossos próprios interesses nacionais. Qual país é menos motivo de constrangimento para o Brasil do ponto de vista, por exemplo, bélico?

Sobre a Croácia, há pouco a dizer. Tendo se declarado independente apenas em 1991, a nação eslava tem tão poucos elos geopolíticos com o Brasil que os principais lances da relação incluem encontros, este ano, da presidente croata com Geraldo Alckmin e Paulo Skaf.

Não há registros de incidentes diplomáticos ou militares graves.

A decisão sobre a torcida recai, portanto, sobre nossos séculos de relação com o Estado francês.

Aí o jogo esquenta. Quando ainda não éramos um país, a França tentou tomar nosso território colonial em várias oportunidades, de São Luís ao Rio.

Para o lamento dos que fantasiam com uma Paris n’América e para alegria dos que imaginam um passado à la Indochina, os franceses foram repelidos pelos portugueses.

Aninharam-se, porém, como nossos vizinhos, formando a Guiana Francesa.

De lá, entre o fim do século 19 e o começo do 20, estimularam separatismos no atual Amapá e chegaram a invadi-lo em 1895.

Sob o custo de vidas militares e civis, mantivemos nossa integridade.

Vai, Croácia?

Calma. Depois disso, a paz franco-brasileira imperou.

Evitamos derramar sangue em 1961, quando não foi adiante suposto plano de Jânio Quadros de anexar a Guiana, ou em 1963, quando uma tal Guerra da Lagosta apenas mobilizou navios de guerra dos dois lados nos mares do Nordeste.

É falso que no meio dessa crise o presidente Charles de Gaulle tenha dito que o Brasil não é um país sério.

Se há dúvida de que o saldo da relação é benéfico para nós, o desempate vem do ataque de Napoleão, que ao mandar para cá, fugida, a corte de dom João 6º, lançou involuntariamente a semente da independência brasileira.

José Bonifácio fecha com Mbappé.


Estou produzindo uma série de podcasts sobre a história dos presidentes brasileiros, o Presidente da Semana. O programa em áudio contará em ordem cronológica a história dos presidentes brasileiros até o eleito ou a eleita em outubro deste ano. Ouve lá!

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As histórias que merecerão ser lembradas em 2018 https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/2017/12/21/as-historias-que-merecerao-ser-lembradas-em-2018/ https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/2017/12/21/as-historias-que-merecerao-ser-lembradas-em-2018/#respond Fri, 22 Dec 2017 01:30:18 +0000 https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/15131692845a3121846fde9_1513169284_3x2_md-180x120.jpg http://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/?p=777 Em 2017, o cardápio deste blog incluiu temas inescapáveis, como os centenários da Revolução Russa (com destaque para o violentíssimo assassinato da família Romanov) e da entrada do Brasil na 1ª Guerra Mundial.

Mas também lembrou de episódios mais obscuros, como a vez em que o Brasil demorou seis meses para perceber que tinha sido invadido pela Inglaterra ou a perseguição de cristãos no Japão do século 17.

A história mundial foi foco dos posts sobre os fantasmas trazidos para ingleses e franceses com o filme “Dunkirk” e sobre os tempos mais moleques em que os líderes mundiais eram menos polêmicos e ranzinzas e mais festivos.

Já a história brasileira apareceu nos textos sobre os 53 anos do golpe militar de 1964, o histórico de antecipação de eleições presidenciais e a memória de nossos ex-presidentes que já tiveram problemas na Justiça.

PODCAST

Gostei de escrever todas essas histórias. Mas a maior razão de orgulho para o blog neste ano foi a estreia da “História Como Ela Foi” em podcast.

Gravei três episódios até aqui.

Teve aquele em que lembrei dos podres dos presidentes dos EUA.

Outro sobre os 80 anos do Estado Novo, a ditadura de Getúlio Vargas.

E mais um tentando responder uma questão: por que a miscigenação foi menor nos EUA que no Brasil?

Dá para ouvir (ou voltar a ouvir) os podcasts nos links acima.

Ou, se você preferir, direto em Apple Podcasts (iOS), SoundCloud (iOS e Android), TuneIn (iOS e Android) e Stitcher (iOS e Android).

E AGORA, 2018?

Como a especialidade do blog é o passado, e não o futuro, fica difícil prever quais serão os temas que aparecerão por aqui no ano que começa logo mais.

Mas o brainstorm pode começar pela lembrança dos principais aniversários de 2018.

O ano que vem terá alguns centenários.

1918 foi o ano em que enfim acabou a 1ª Guerra Mundial, que traumatizou toda uma geração e, com a humilhação imposta pelos aliados anglofranceses à Alemanha, lançou as sementes da 2ª Guerra, que começaria em 1939.

Ilustração mostra assinatura do armistício de 1918, que encerrou Primeira Guerra

Também foi o ano em que eclodiu a epidemia de gripe espanhola, considerada a mais grave da história da humanidade.

No Brasil, a doença matou até o presidente eleito da época, Rodrigues Alves.

Ironicamente, o ano também marca os aniversários de cem anos de João Goulart, presidente civil deposto pelos militares em 1964, e João Baptista Figueiredo, o último general-presidente da ditadura.

Para os entusiastas de passados mais distantes, haverá o bicentenário de Karl Marx, que, se estivesse vivo (rs), faria aniversário em 5 de maio.

Os 200 anos do patriarca comunista promete movimentar redes sociais e grupos de WhatsApp.

Se estivessem vivos, Stanley Kubrick faria 90 anos em julho e Michael Jackson, 60 em agosto.

No mesmo mês de Michael, Madonna, que viva está, completa os mesmos 60 anos.

Imortal, Mickey Mouse fará 90 anos em 2018.

Cartaz de “Steamboat Willie”, estreia de Mickey Mouse

Outras datas cheias para se ter em mente: os 80 anos do início da ditadura de Francisco Franco na Espanha e os 70 anos da proclamação do Estado de Israel.

No Brasil, a atual Constituição completará 30 anos em 5 de outubro.

Ulysses Guimarães segura exemplar da Constituição de 1988

Em nosso instável país, já é a terceira Carta mais duradoura. Só perde para as de 1891 (43 anos) e a de 1824 (67 anos).

E fará 25 anos que os brasileiros rejeitaram o parlamentarismo e a monarquia em um plebiscito, optando por manter o país uma república presidencialista –a mudança para o parlamentarismo continua em conversas políticas até hoje.

Tucanos celebrarão.

O partido, hoje em crise, também fará 30 anos.

E se completarão 20 anos da reeleição de Fernando Henrique Cardoso, primeiro presidente reeleito e único membro da sigla a ocupar a Presidência até hoje.

O ANO QUE NÃO TERMINOU

Dá para dizer sem medo de errar que o grande aniversário mesmo em 2018 será um cinquentenário.

No caso, o do ano de 1968.

O ano teve convulsões e crises no Brasil e no mundo.

Para entendê-lo, vale ler o livro de Zuenir Ventura, “1968 – O ano que não terminou”.

No mundo, o ano começou com a Tchecoslováquia comunista achando que podia fazer reformas liberais, em janeiro.

Foi a Primavera de Praga.

Cena da Primavera de Praga

Os soviéticos, que mandavam nos países comunistas, não gostaram e invadiram o país em agosto do mesmo ano.

Também no início daquele 1968, vietnamitas do norte lançam a ofensiva do Tet, que embora tenha sido barrada pelos EUA e seus aliados no sul, expõe ao mundo os horrores da guerra no sudeste asiático e contribui para virar a aumentar a oposição da opinião pública americana contra o conflito.

Em março daquele ano, tropas americanas mataram centenas de civis, incluindo mulheres e crianças, no massacre de My Lai.

Ainda nos EUA, dois assassinatos, em abril e junho, chocaram o país: Martin Luther King, líder da luta pelos direitos civis dos negros, e Robert Kennedy, então presidenciável e irmão do presidente também assassinado John Kennedy.

O grande símbolo daquele ano de crises foi o maio de 1968 francês, no qual estudantes se rebelaram contra o governo e paralisaram Paris e a França.

Grafite na França com a frase “É proibido proibir”

O Brasil não ficou alheio aos ventos de mudança.

Na Passeata dos Cem Mil, em junho, estudantes e políticos de oposição ousaram desafiar o governo militar e foram às ruas no Rio para pedir mais liberdades.

Para fazer frente às contestações, a ditadura dobra a aposta e enterra o Estado de direito com o Ato Institucional nº 5, de dezembro, em que suprime liberdades individuais, fecha o Congresso e cassa mandatos parlamentares.

A norma, que representou o endurecimento do regime, existiria por dez anos.

Naquele mesmo mês, estrearia nos cinemas o filme “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla, ícone do cinema nacional.

Entre tantos memoráveis, vale lembrar de um diálogo do filme:

“– Senhor, o que você acha da miséria?

– Que miséria, meu filho? Um país sem miséria é um país sem folclore! E um país sem folclore… O que é que nós podemos mostrar pro turista?”

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