No dia da condenação, advogado de Collor revelou ter votado em Lula
Eleito em 1989 com 35 milhões de votos, Fernando Collor só teve a seu lado três na madrugada de 30 de dezembro de 1992, quando o Senado confirmou a perda de seus direitos políticos. Ficaram contra ele 76 senadores.
Com a renúncia de Collor na véspera, extinguiu-se o processo de perda de mandato, mas não o que o tornaria inelegível até 2000.
O processo que passara a ser então contra um ex-presidente tornou ainda mais anticlimático o julgamento no Senado, que tinha tendência pró-condenação ainda mais clara que a existente hoje contra Dilma Rousseff.
Os presentes ansiavam para que a sessão acabasse. Gritos abafados de “chega” reagiam ao discurso do hoje ex-senador Eduardo Suplicy (PT-SP).
Esperidião Amin (PDS-SC), atual deputado pelo PP, foi aplaudido ao anunciar que abria mão da palavra às 4h.
A nota folclórica coube ao advogado de Collor, José Moura Rocha, que divagou sobre temas alheios ao processo, chegando a revelar que havia votado em Lula no segundo turno da eleição presidencial. “Nunca votei em Collor. Nunca!”
Frustrado, o aliado do ex-presidente Áureo Mello (PRN-AM) atacou os caras-pintadas que foram às ruas pelo impeachment, chamando-os de “cabeças ocas”.
Após a condenação pelo Senado, o ex-presidente leu um “manifesto ao povo” na Casa da Dinda. Sem responder diretamente as denúncias de corrupção, comparou-se a Getúlio Vargas e repetiu a retórica de sempre.
Atribuiu a queda a “adversários inconformados” e “velhas oligarquias” que seriam contra seu projeto de “modernização nacional”.
Comparou o Brasil a uma “republiqueta tribal”.
Ao fim da fala, o hoje senador por Alagoas beijou a ex-primeira-dama Rosane e despediu-se com um “até breve”.