Aliados comparavam Collor a Nelson Mandela e o imaginavam como vítima da história
A menos de um mês de Fernando Collor ter seu mandato cassado pelo Senado, seus poucos aliados o comparavam a Nelson Mandela e previam que ele entraria para a história como vítima.
A comparação com o líder sul-africano, que passou 27 anos preso e se transformou em herói de seu país, foi feita pelos três senadores que votaram contra o impeachment do presidente afastado na comissão especial do Senado.
Ney Maranhão (PRN-PE), Lucídio Portela (PDS-PI) e Áureo Mello (PRN-AM) foram visitar Collor na Casa da Dinda no dia seguinte à votação.
“Ele vai sair como vítima. Vai deixar uma marca nesse país”, previu Maranhão (de branco na foto acima), que morreu em abril deste ano.
Portela, irmão menos conhecido de Petrônio Portella, artífice da distensão da ditadura militar, e Mello morreram no ano passado.
Os aliados diziam ver a condenação de Collor como certa, mas que o presidente não renunciaria –promessa que ele acabaria por não cumprir semanas depois.
Escasso na classe política, o apoio a Collor também era raro na sociedade civil.
Diferentemente de Dilma Rousseff hoje, que costuma participar de atos promovidos por movimentos de esquerda que ainda a apoiam, o presidente se mantinha recluso na Dinda.
Uma solitária Associação de Defesa Comunitária, presidida por um corretor de imóveis radicado no Rio, Edgard Clare, defendia Collor.
A entidade publicou em jornais artigos em que defendia o impeachment de deputados e senadores anti-Collor.
Depois da cassação do presidente, insistiu na tese em outdoors espalhados pelo Rio.