Lula não via chances de Collor voltar e dizia torcer por sucesso de Itamar

Então presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio Lula da Silva dizia torcer pelo sucesso do governo do presidente interino, Itamar Franco, após o afastamento de Fernando Collor.

Em outubro de 1992, Lula afirmou à Folha: “Todos nós temos a obrigação de torcer para que o governo Itamar dê certo”. Ele citou “a obrigação de fazer” a gestão funcionar “para que ninguém diga que está com saudades do Collor”.

O petista afirmava não ver possibilidade de que Collor revertesse sua cassação no julgamento final do Senado.

Lula descartava, porém, que seu partido participasse diretamente do governo Itamar, ficando apenas disposto a contribuir “na elaboração de um programa mínimo” e eventualmente trabalhar no Congresso para viabilizar medidas.

Ao longo do tempo, porém, o PT acabou por se firmar como forte crítico da administração Itamar, sobretudo do Plano Real.

Derrotado por Collor em 1989, Lula se declarava parlamentarista e dizia que poderia ser novamente candidato se a nova forma do governo fosse aprovada no plebiscito de 1993 em um modelo em que o presidente tivesse “função política” como na França ou em Portugal.

O parlamentarismo acabou derrotado em 1993, assim como Lula em 1994 –ele só venceria em 2002.

No dia de Natal de 1992, a poucos dias de ser definitivamente julgado, foi a vez de Collor citar Lula. Para ele, a vitória do impeachment sacramentaria jurisprudência de um “golpe branco” que, previa, atingiria outros presidentes.

“Se Lula for eleito, será a próxima vítima”, afirmou o presidente afastado.