Com dificuldade para bancar advogados, Collor questionou processo no Supremo
Assim como Dilma Rousseff, que recorreu ao Supremo Tribunal Federal contra pontos com que discordava de seu julgamento no Senado, o então presidente afastado, Fernando Collor, também buscou judicializar seu processo de impeachment.
Uma das apostas de Collor foi a tentativa de que 29 dos 81 senadores fossem declarados impedidos de julgá-lo. Os alvos eram aqueles que atuaram na CPI que investigou o esquema de PC Farias e os suplentes de senadores que viraram ministros do presidente interino, Itamar Franco —e que perderiam o cargo se Collor voltasse ao poder.
O pedido não prosperou nem com o presidente do STF, Sidney Sanches (na imagem acima, à esquerda, recebendo a defesa de Collor), responsável pelo julgamento no Senado, nem em recurso à Supremo.
Uma troca de advogados feita na véspera do início do julgamento final só conseguiu adiá-lo em uma semana.
O presidente também se negou a depor na comissão especial do impeachment. “O risco seria transformar o interrogatório em um grande espetáculo”, disse seu advogado, José Guilherme Vilella.
Em defesa entregue aos senadores, Collor atacou o ex-tesoureiro de campanha PC Farias, dizendo-se “amargurado” e “revoltado” após tomar conhecimento das “atividades escusas” do empresário.
Com o salário reduzido à metade, o presidente penava para pagar seus advogados —de custo estimado em US$ 500 mil—, chegando a pedir ajuda a seu partido, o PRN.
“Não vamos abandonar o presidente nesta hora”, avisou o presidente do PRN, Daniel Tourinho, que empreendeu uma “campanha” para arrecadar fundos para pagar os advogados.
Amigo de Collor, o empresário Luiz Estevão anunciou que ajudaria a bancar a defesa do presidente. Ele, que foi senador pelo PMDB, teve o mandato cassado em 2000 e hoje está preso.