Collor sofreu debandada na reta final, com articulador político viajando para o Caribe

A cerca de uma semana da possível votação na Câmara de seu pedido de impeachment, Dilma Rousseff tem em torno de si o PT unido contra seu afastamento, além de algumas siglas aliadas e parte relevante dos movimentos de esquerda, sindicatos e intelectuais.

O mesmo não podia dizer Fernando Collor.

O apoio ao impopular presidente começou a desmoronar após a aprovação, no fim de agosto de 1992, do relatório final da CPI que investigou o esquema de PC Farias.

Em 1º de setembro, o PFL (hoje DEM), principal aliado de Collor, liberou sua bancada para votar como quisesse o afastamento do presidente.

Dias depois, o pefelista Jorge Bornhausen (na foto), responsável pela articulação política, deixou o governo e partiu para férias em Aruba, no Caribe.

O governo perdeu ainda seu líder no Senado, Marco Maciel, que seria vice-presidente de FHC.

O presidente do PDS (atual PP), Paulo Maluf, candidato a prefeito de SP, anunciou que a maioria de seus deputados eram pró-afastamento.

O PTB e o nanico PRN, partido de Collor, liberaram as bancadas, embora aliados dispersos ainda existissem em todos esses partidos.

Luiz Estevão, amigo do presidente que teria o mandato de senador peemedebista cassado em 2000, arrecadou dinheiro para que o PRN fizesse um anúncio que colocava Collor como vítima de uma orquestração para derrubá-lo, comparando-o a Getúlio Vargas.

Na sociedade civil, a Fiesp, que se mantinha discreta, decidiu se posicionar. Disse que confiava “na atuação do Congresso, ao qual compete as decisões cabíveis”.

A Força Sindical, que fora fiel a Collor, pediu a renúncia dele dias depois e convidou a federação paulista para um ato contra o governo.

Os que embarcaram tarde no barco do impeachment, porém, foram criticados pelos grupos e partidos que estavam nas ruas há tempos.

Isso não impediria, porém, que os partidos que deixaram o governo Collor nos momentos finais tivessem espaço e influência na administração de Itamar Franco.