Jobim, que seria ministro de FHC, Lula e Dilma, apresentou relatório contra Collor

Rodrigo Vizeu

Há 24 anos, era Nelson Jobim, e não Jovair Arantes, que via crime de responsabilidade na conduta de um presidente da República.

Deputado pelo PMDB gaúcho e relator na comissão especial de impeachment, Jobim (ao centro da foto) apresentou parecer de 38 páginas favorável ao impeachment de Fernando Collor em 23 de setembro de 1992.

Jobim, que mais tarde seria integrante do Supremo Tribunal Federal e ministro de Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff, argumentou que o pedido de impeachment atendia a requisitos jurídicos e políticos.

Disse que o relatório final da CPI que investigou o ex-tesoureiro de campanha Paulo César Farias, base do pedido de impedimento, deixou claro que o presidente cometera crimes ao receber vantagens do esquema de PC.

O pedido de impeachment de Collor o acusava de falta de decoro no exercício do cargo.

“É condição vital para nós a instauração desse processo, para demonstrarmos ao mundo que no Brasil a impunidade não é regra”, afirmou Jobim.

O deputado também refutou argumento da defesa de Collor de que o pedido era inepto.

O collorido Gastone Righi (PTB-SP), presidente da comissão, reclamou da velocidade com que o processo caminhava.

O colegiado votaria um dia depois de Jobim entregar o relatório, dois após o governo se defender.

“Para alguns impacientes, o processo é moroso, mas para os homens de juízo, ele deve ser assim para que se evitem erros”, lamentava-se.