Hoje pró-impeachment, Caiado acusava golpismo em véspera de votação de afastamento de Collor

Rodrigo Vizeu

A véspera da votação do impeachment de Fernando Collor no plenário da Câmara dos Deputados deixava claro que o futuro do presidente ia a voto em clima de derrota.

Só defenderam Collor quatro dos 38 deputados que discursaram na sessão de segunda-feira, 28 de setembro de 1992, única dedicada a debater o pedido de afastamento (foram dois dias no caso de Dilma de Rousseff).

O quarteto collorido era formado pelo líder Humberto Souto (PFL-MG), o ex-ministro Ricardo Fiuza (PFL-PE), José Lourenço (PDS-BA) e Ronaldo Caiado (PFL-GO).

O único deles a ainda integrar o Congresso é Caiado, hoje senador pelo DEM (na foto acima, em sua campanha presidencial em 1989).

Favorável ao impeachment de Dilma, tornou-se uma espécie de ídolo de parte das multidões que protestam contra o atual governo.

Na sessão de 1992, Caiado foi o primeiro a se inscrever para defender Collor e acusou a oposição de golpismo. Foi ainda o único parlamentar a circular pelo saguão do Palácio do Planalto naquele dia.

O governo abriu mão dos 25 minutos que teria para apresentar defesa no plenário. O deputado Fiuza, encarregado de fazê-lo, justificou-se acusando o processo de açodamento.

Com o ambiente pró-impeachment mais consensual que o de hoje, a sessão de debates foi mais curta e teve como destaque aplausos para os autores do pedido de impeachment: Barbosa Lima Sobrinho, da ABI, e Marcello Lavenère, da OAB.

Contra as expectativas, o porta-voz da Presidência, Etevaldo Dias, previa uma “folga confortável” para o presidente na votação, sem precisar números. Disse ainda que o governo não trabalhava com a possibilidade de derrota.

No dia seguinte, Collor seria derrotado por 441 votos a favor do impeachment, 38 contra, 23 ausências e uma abstenção.