A História Como Ela Foi https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br passagens marcantes e curiosidades do Brasil e do mundo Sat, 14 Jul 2018 05:00:55 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Presidentes dos EUA tiveram de escravos a fazenda reformada por amigos https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/2017/12/01/presidentes-dos-eua-tiveram-de-escravos-a-fazenda-reformada-por-amigos/ https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/2017/12/01/presidentes-dos-eua-tiveram-de-escravos-a-fazenda-reformada-por-amigos/#respond Fri, 01 Dec 2017 18:18:57 +0000 https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/Junius_Brutus_Stearns_-_George_Washington_as_Farmer_at_Mount_Vernon-180x124.jpg http://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/?p=766 A leitura recente de um livro sobre os capítulos podres das biografias dos presidentes dos Estados Unidos foi a inspiração do 3º episódio do podcast da História Como Ela Foi.

A imagem controversa do atual presidente americano, Donald Trump, talvez induza o leitor a ter o cargo em pouco estima hoje.

No entanto, a relação da população dos EUA com a instituição é historicamente de admiração, seja pela democracia longeva e ininterrupta ou pela presença no rol presidencial de figuras alçadas a heróis da pátria, como George Washington (na imagem acima), Thomas Jefferson, Abraham Lincoln e Franklin Roosevelt.

Mas mesmo personagens estelares guardam episódios obscuros, como é o caso dos presidentes com histórico de apoio a escravidão e ao racismo ou de envolvimento ou omissão em escândalos políticos –teve até um que teve uma fazenda reformada por empresários amigos.

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Há cem anos, Brasil enfim entrava na Primeira Guerra Mundial https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/2017/11/08/ha-cem-anos-brasil-declarava-guerra-a-alemanha-na-primeira-guerra-mundial/ https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/2017/11/08/ha-cem-anos-brasil-declarava-guerra-a-alemanha-na-primeira-guerra-mundial/#respond Wed, 08 Nov 2017 20:47:38 +0000 https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/files/2017/11/R039-f01-180x108.jpg http://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/?p=736 Países que sentiram na carne a barbárie da Primeira Guerra Mundial, França e Reino Unido (e algumas de suas ex-colônias, como Canadá e Austrália) se preparam para um dia solene de seus calendários nacionais: 11 de novembro, aniversário do fim do primeiro conflito global do século 20.

O armistício completa 99 anos nesta sexta-feira.

Na França, é tradicionalmente lembrado com um feriado e cerimônias oficiais. Britânicos, canadenses, australianos e neozelandeses usam em massa, nessa época, flores vermelhas (poppies) no peito, honrando os mortos em guerras.

Neste ano, mais especificamente no último dia 26 de outubro, completaram-se 100 anos que o Brasil declarou guerra à Alemanha em 1917, entrando enfim no conflito mundial que começara em 1914 e acabaria em 1918.

Apesar de ser uma data mais cheia que a celebração do armísticio, o centenário da estreia brasileira na Primeira Guerra foi largamente ignorado.

Em grande medida, pelo fato de a participação do Brasil no conflito ter sido discretíssima.

FIM DA NEUTRALIDADE, AINDA QUE TARDIO

Durante a maior parte da guerra, o país optou por se manter neutro no confronto que opôs as lideranças encabeçadas de um lado por Reino Unido e França e, do outro, por Alemanha e Império Austro-Húngaro.

Lobbies internos pressionavam por apoio a um dos lados, fossem entre os imigrantes alemães concentrados no Sul ou a elite intelectual francófila da época –sendo o segundo grupo de pressão muito maior e mais influente.

Presidente Wenceslau Braz assina declaração de guerra à Alemanha

Em outubro de 1917, diante de mais um torpedeamento de navio brasileiro pela Alemanha, enfim veio o decreto assinado pelo presidente Wenceslau Braz, um daqueles mandatários da República Velha que a maioria de nós tem dificuldades de lembrar: “Fica reconhecido e proclamado o estado de guerra iniciado pelo império alemão contra o Brasil”.

Primeira página do jornal “O Estado de S. Paulo” com a manchete “O Brasil na guerra”

A declaração de guerra foi comemorada por Ruy Barbosa, então senador opositor, conforme registrou à época “O Estado de S. Paulo”: “Todos os povos civilizados estavam no dever de dar o seu concurso de sangue a esta tremenda carnificina criada pela Alemanha. Ao darmos este passo, o mais grave que temos dado, não se trata de irmos defender na Europa os interesses dos aliados –o Brasil vai defender-se a si mesmo, vai defender a sua existência moral e a sua existência política, vai defender a estabilidade de seu território”.

ATAQUE AOS GOLFINHOS

O concurso de sangue brasileiro se mostraria diminuto.

Um grupo de oficiais foi enviado para a França e uma missão médica brasileira foi instalada em Paris. Treze pilotos foram emprestados à Força Aérea Britânica.

A maior, embora pequena, contribuição foi da Marinha, que enviou uma divisão naval para patrulhar a costa da África.

Tendo zarpado apenas em julho de 1918, a força sofreu baixas em uma escala africana devido à gripe espanhola e chegou à Europa um dia antes do fim da guerra. Ficou marcada pelo episódio em que confundiu golfinhos com um submarino alemão, levando a um massacre de cetáceos.

O historiador militar Carlos Daróz registra em seu “O Brasil na Primeira Guerra Mundial: a longa travessia” que quase 200 brasileiros morreram nos navios e campos da batalha da Grande Guerra, “a maioria vitimada pela pandemia de gripe espanhola e outros em decorrência de acidentes durante as operações”.

Outros tantos lutaram como voluntários pelas nações em que nasceram, caso de muitos imigrantes italianos e alemães –ou dos príncipes exilados dom Luís e dom Antônio de Orléans e Bragança, filhos da princesa Isabel, que lutaram do lado britânico.

EFEITOS ECONÔMICOS

Se não houve muito sangue brasileiro derramado, os principais efeitos da Primeira Guerra no país foram políticos e econômicos.

O país, à época agrário e iletrado, sofreu com a queda da venda de café e com a dificuldade de comprar bens industrializados da Europa. O foco do país alterou-se para os Estados Unidos, não apenas econômica, mas diplomaticamente.

O morticínio da Grande Guerra trouxe ainda um desencanto da elite pensante do país sobre a Europa, tema sobre o qual já tratei nessa entrevista publicada em 2014 com o historiador francês Olivier Compagnon, autor do livro “Adeus à Europa”.

A atuação modesta trouxe, porém, alguns frutos ao país, então extremamente periférico, em termos de estatura diplomática. Como país beligerante, o Brasil pôde participar da Conferência de Paz de Paris de 1919, onde conseguiu indenizações e a compra a preço simbólico de navios alemães apreendidos.

Representantes internacionais durante a Conferência de Paris; o 2º da direita para a esquerda, sentado, é o presidente eleito brasileiro Epitácio Pessoa; o presidente americano Woodrow Wilson é o 8º da direita para a esquerda, de pé

Já ouviu o podcast da História Como Ela Foi? Está disponível no aplicativo de podcast do iPhone, no SoundCloud, no Stitcher e no TuneIn.

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Por que a miscigenação foi menos comum na colonização dos Estados Unidos? https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/2017/10/30/por-que-a-miscigenacao-foi-menos-comum-na-colonizacao-dos-estados-unidos/ https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/2017/10/30/por-que-a-miscigenacao-foi-menos-comum-na-colonizacao-dos-estados-unidos/#respond Mon, 30 Oct 2017 17:42:47 +0000 https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/files/2017/10/1622_massacre_jamestown_de_Bry-180x128.jpg http://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/?p=717 Por que nos Estados Unidos brancos, índios, negros parecem ter se misturado tão menos do que no Brasil e em outros países da América Latina? O que isso tem a ver com as raízes da colonização da América do Norte?

Estou passando o semestre nos EUA (o que em parte explica minha lamentável escassez de posts, pela qual peço desculpas), tenho estudado mais sobre história americana e as perguntas acima são algumas das que tenho feito por aqui.

Aproveito também para fazer um experimento: um post em áudio. São menos de 15 minutos, é só clicar abaixo.

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‘Em todos os círculos reina uma tranquilidade relativa’, relatava imprensa após ascensão de Hitler https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/2016/11/09/em-todos-os-circulos-reina-uma-tranquilidade-relativa-relatava-imprensa-apos-ascensao-de-hitler/ https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/2016/11/09/em-todos-os-circulos-reina-uma-tranquilidade-relativa-relatava-imprensa-apos-ascensao-de-hitler/#respond Wed, 09 Nov 2016 16:33:55 +0000 https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/files/2016/11/hitlerhidemburg-180x131.jpg http://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/?p=486 Misturado ao choque, à incredulidade e ao medo manifestados após a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, está um certo de desejo de que, vá lá, quem sabe não será tão terrível assim.

O wishful thinking se baseia no discurso volátil de Trump, que, após meses de fanfarronices, surpreendeu com um discurso conciliador pós-vitória.

Baseia-se também na expectativa (inclusive entre partes de seus eleitores, contou a enviada da Folha Isabel Fleck) de que campanha é mesmo tempo de exageros e que o novo presidente buscará um caminho de mais temperança agora que ganhou.

A torcida consiste ainda no fato de Trump supostamente ser menos interessado no envolvimento dos EUA em questões externas e que, diante de sua figura caótica, um isolacionismo americano pudesse até ser um mal menor.

Por fim, há sempre o sistema de pesos e contrapesos da democracia americana e a gama de interesses da elite econômica dos EUA para travar eventuais arroubos irracionais e populistas do novo presidente.

Essa relativa e comedida tentativa de ver luz no fim do túnel que começa a pipocar faz valer lembrar como foi o day after da chegada de Adolf Hitler ao poder na Alemanha.

(Faz-se, claro, todas as ressalvas à surrada e imprecisa comparação, que inclusive virou meme recente, copiado abaixo. É certo que Trump não é Hitler e não há registros de que o republicano tenha estruturado uma plataforma racista com potencial de levar ao extermínio de povos. Mas ainda resta o paralelo do outsider que não era levado a sério pela elite e chegou ao poder com discurso agressivo e nos ombros da raiva e do ressentimento popular)

‘Zeladores fiéis’

Em 31 de janeiro de 1933, um dia após a indicação de Hitler como chanceler, despacho vindo de Berlim da agência United Press contemporizava que embora fosse “indiscutível que esse fato representasse um acontecimento de importância histórica”, a elite alemã tinha um plano.

Desafeto de Hitler, o presidente alemão Paul von Hindenburg dava a chance para que o nazista formasse um governo para tentar tirar a Alemanha do impasse, já que nenhum dos grupos políticos saía das eleições com ampla maioria. O idoso marechal, porém, cercou o novato de conservadores mais moderados e experimentados.

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Hitler e seu gabinete, integrado por nazistas, mas também por conservadores moderados ligados a Hindenburg

“O presidente alemão empenhou-se em rodear o novo chanceler de zeladores fiéis da antiga ordem das coisas”, explicava a United Press. “Essas restrições impostas à autoridade do chefe nacional-socialista são de natureza a neutralizar muitos de seus propósitos de implantar na Alemanha um regime que apresente afinidades com o fascismo italiano.”

Discurso pós-vitória

Hitler jurou fidelidade à Constituição e prometeu respeitar as leis. Não dissolveu imediatamente o Partido Comunista, arquirrival dos nazistas.

Em discurso aos aliados, registrou o francês “Le Figaro”, exaltou a união dos nacionalistas alemães e falou de “recriar uma Alemanha baseada na honra, na liberdade e na paz social”.

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O novo chanceler alemão é saudado por populares após ser indicado para a chefia do governo

Os políticos católicos de centro abstiveram-se de fazer oposição e decidiram tolerar provisoriamente o novo governo.

Em meio às festas dos camisas pardas nazistas pelas ruas alemãs, houve confronto com comunistas, mas as desordens foram sem maior gravidade, relatou a UP.

“Vinte e quatro horas após a ascensão ao poder do sr. Hitler, tem-se a impressão de que houve uma modificação, na opinião geral, sobre o ‘hitlerismo’. Pode-se dizer quem em todos os círculos reina uma tranquilidade relativa”, escrevia a UP em 1º de fevereiro de 1933.

‘Golpe mortal’

Menos tranquilo parecia o germanista Raymond Henry, do “Figaro”, que via um “golpe mortal” na Constituição e no parlamentarismo. “Infelizmente, não se pode crer em suas palavras, e é preciso esperar seus atos.”

“Trata-se da instauração da ditadura em benefícios dos grandes industriais, dos proprietários de terra e dos militares”, escreveu. “[A vitória de Hitler] significa que que diante da impossibilidade de fazer coexistir o regime autoritário e o constitucional, é o último que deverá ceder seu lugar.”

Previa ainda o “grave perigo” que o nazista representava “do ponto de vista exterior”.

Meses após vencer e fazer os devidos juramentos, Hitler alienou seus “zeladores”, cassou liberdades, prendeu opositores, retirou poderes do Parlamento e passou a governar com plenos poderes. Tornava-se o Führer.

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Meme que circulou antes da eleição de Trump, assinado pelo “povo da Alemanha”, comparando-o a Hitler
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Como os puritanos roubaram o Natal https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/2015/12/24/como-os-puritanos-roubaram-o-natal/ https://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/2015/12/24/como-os-puritanos-roubaram-o-natal/#respond Thu, 24 Dec 2015 21:34:20 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://ahistoriacomoelafoi.blogfolha.uol.com.br/?p=195 Em meados do século 17, os ingleses celebravam o Natal de forma não muito diferente de hoje. Lembravam do nascimento de Jesus Cristo, trocavam presentes, bebiam, comiam coisas típicas do período, festejavam e o comércio fechava no dia 25 de dezembro.

Os puritanos, protestantes que reivindicavam uma reforma que se afastasse da forma mais radical possível do cristianismo da linha católica apostólica romana, não gostavam nada disso. Repudiavam como o Natal bebia na fonte dos rituais pagãos pré-cristãos, seja pela forma ou pela época em que era comemorado.

Para eles, faltava celebração do Cristo e sobrava extravagância, desperdício e imoralidade. Detestavam a data séculos antes de Dr. Seuss escrever “Como o Grinch roubou o Natal”.

A reclamação puritana deixou de ser apenas uma chiadeira à medida em que o Parlamento inglês, dominado pelos puritanos, ganhava força e contestava o poder do rei Carlos 1°, de tendências absolutistas e simpático a uma reforma protestante mais suave.

Em 1643 e 1644, os parlamentares chegaram a se reunir normalmente no Natal. Em 1647, o Parlamento enfim aboliu as festividades natalinas –e também as de Páscoa. Outras medidas que impunham uma vida mais austera aos ingleses foram aplicadas.

Em guerra civil contra Carlos 1°, o grupo pró-Parlamento foi vitorioso e o rei, executado em 1649. Novas legislações anti-Natal foram colocadas em prática, como ordens obrigando lojas e mercados a permanecerem abertos no dia 25 e proibindo cerimônias especiais em igrejas.

O banimento do Natal –apoiado por Oliver Cromwell, que se tornou o Lord Protector da Inglaterra sem rei– não ocorreu sem resistências. Revoltas eclodiram pelo país e os ingleses recorreram a cerimônias natalinas clandestinas.

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Panfleto de 1652 relatando que Natal seguia sendo celebrado na Inglaterra apesar das proibições

Grinch nos Estados Unidos

Com o o colapso do Protetorado de Cromwell e a restauração da monarquia sob Carlos 2°, em 1660, o Natal voltou à legalidade na Inglaterra.

A má vontade com a festa, porém, atravessou o Atlântico. A América inglesa foi colonizada em larga medida por puritanos, que consequentemente não queriam saber dos rituais natalinos.

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Cartaz com proibição de festejos de Natal ameaçando com multa quem recorresse às “práticas satânicas”

De 1659 a 1681, quem celebrasse a data em Massachusetts pagava multa. Mesmo quando não era alvo de punição, a comemoração do Natal na América inglesa foi incomum ou mal-vista mesmo ao longo do século 18 e após a independência. O feriado para celebrar o nascimento de Cristo só se tornou feriado federal nos EUA em 1870.


Este blog deseja um ótimo Natal e um 2016 de boas histórias –e sem muito puritanismo.

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